segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Mudança...

Sinceramente, sair de casa pra estudar não foi uma decisão difícil. Eu tinha 17 e era tudo novo. Claro que os primeiros meses sem minha mãe foram difíceis e eu, bem, chorei direto por algumas noites. Claro que o namoradinho com quem eu acabara de terminara uma mês antes de viajar também influenciava no chororô.E eu senti falta de casa durante todo o tempo dos 5 anos e meio que passei fora de casa. Mas eram doses homeopáticas, a saudade apertava e afrouxava várias vezes. Quando voltava, uma vez a cada um ou dois meses, era encrenca com irmãos e pais e muitas vezes senti como se não tivesse mais lugar pra mim na rotina familiar. Sentia falta da casa dos meus pais quando estava longe, sentia falta do meu canto quando estava em casa.

Fui levando. Eu aprendi muito nesse tempo. Saí adolescente, voltei uma jovem adulta. Tive muitas experiências, boas e ruins. Alguns romances, alguns perrengues, conheci amigos que espero levar pra vida toda e gente que queria apagar da memória, me despedi pra sempre de um bom amigo, vi tragédias acontecerem, vi crianças nascerem. Me decepcionei, me estrepei, caí e levantei. Viajei, conheci gente diferente, um ritmo de vida diferente. Fui a festas. Me senti bastante inteligente e muito idiota de diversas formas. Em alguns momentos fui quem eu não queria ser e em outros fui o melhor que eu pude. Fui assaltada pela primeira vez e por muitas outras. Me apeguei a minha geladeira, meu fogão, meu tapete, meu cantinho. Descobri algumas coisas incríveis e algumas outras que gostaria de nunca ter sabido. Conheci o amor da minha vida e só ele já teria valido a viagem, mas que bom que não me resumi a isso. Vivi um bocado de coisa, um bocado de gente e tenho bastante história pra contar. Me virei bem sozinha, mas, graças a Deis, tive muita ajuda na maior parte do tempo. Espero ter me tornado uma pessoa melhor, porque pensando bem, nem sei quem eu teria sido se não tivesse seguido esse caminho. Faria alguma coisas diferentes, mas quando olho pra trás, pra esses quase seis anos, vejo que tinha que ser assim.

E agora estou de volta, na segurança do lar paterno. Com um milhão de coisas na cabeça e sem um diploma na mão. Ainda lutando com o trabalho de conclusão de curso e levemente envergonhada por não ter concluído tudo. É estranho voltar. Ainda mais quando todas as suas coisas estão espalhadas em caixas na cozinha, você sente falta do namorado e tem medo de que aquela vozinha que diz que você não se encaixa mais tenha razão. Mas eu balanço a cabeça e sigo em frente. Eu tô de volta, eu to em casa. E aqui as coisas sempre se acertam.